Pouco mais de três meses depois de a Corte Constitucional da Itália derrubar o veto à fecundação heteróloga no país, começaram a surgir as primeiras gravidezes a partir desse método de reprodução assistida que recorre a óvulos ou espermatozoides de doadores externos, ou seja, que não fazem parte do casal. Até o momento, foram registrados pelo menos três casos em Roma e outro aguarda confirmação em Milão.
Com a decisão tomada pela Justiça em abril, será preciso ainda regulamentar a prática na nação europeia, mas algumas clínicas já resolveram iniciar a aplicação dessa técnica. "Há uma semana, eu conheci um casal que, graças a uma doação de gametas, obteve uma gravidez na sua cidade, Roma, e quis compartilhar conosco sua imensa alegria por vencer uma batalha de 10 anos. São notícias que nos dão confiança em relação ao futuro", contou Filomena Gallo, secretária-geral da associação Luca Coscioni, entidade local que luta pela liberdade de pesquisa científica. No entanto, o fato de essas fecundações terem sido feitas na ausência de uma lei que as regule tem provocado polêmica na Itália."Sem as necessárias normas de segurança, a aplicação de técnicas de fecundação heteróloga representam um perfil concreto de risco", disse a vice-presidente da Comissão de Assuntos Sociais da Câmara dos Deputados, Eugenia Roccella.
Além disso, ainda há outros obstáculos pela frente. O ginecologista e embriologista Severino Antinori anunciou que entrou com um recurso na Corte Constitucional para autorizar o uso da prática em solteiros, proibição que ainda persiste. O veto à fecundação heteróloga para casais havia sido estabelecido por uma controversa legislação aprovada pelo Parlamento da Itália em 2004. A lei previa inclusive uma multa de 300 mil a 600 mil euros (R$ 900 mil a R$ 1,8 milhão) para quem usasse gametas de doadores. Por isso, os cônjuges que sofriam de infertilidade absoluta eram obrigados a recorrer a clínicas ilegais ou do exterior para engravidarem. (Fonte: ANSA)