Da tradição à vanguarda: hipismo se moderniza e promove igualdade entre homens e mulheres no esporte

Dos campos de batalha da Grécia Antiga às apresentações dos cavalos dançando conforme a música nos Jogos Olímpicos da Era Moderna, os esportes equestres passaram por uma grande evolução. Uma das atrações mais tradicionais do programa Olímpico, o hipismo tem origem militar e, no início, era praticado apenas por homens – as mulheres passaram a competir apenas na década de 50. Hoje, no entanto, é um dos esportes que mais promovem a igualdade de gênero e faixa etária entre seus atletas. Enquanto alguns esportes Olímpicos têm provas mistas – como badminton, tênis, biatlo e patinação artística -, o hipismo é o único em que as medalhas são disputadas entre homens e mulheres em pé de igualdade. No mundo Paralímpico, o esporte tem a companhia do curling em cadeira de rodas, do rugby em cadeira de rodas, do tênis em cadeira de rodas, da bocha e da vela, todos com provas mistas.  Junto com o curling, o hipismo é provavelmente o esporte Olímpico e Paralímpico no qual o critério de idade tem menor impacto na disputa de medalhas. Por exemplo, o atleta mais bem sucedido de todos os tempos, o alemão Reiner Klimke, conquistou a sua sexta medalha de ouro aos 52 anos, durante os Jogos Seul 1988, 24 anos após a primeira, alcançada em Tóquio 1964. Nos Jogos Londres 2012, o japonês Hiroshi Hoketsu competiu no adestramento aos 71 anos, quase meio século depois da sua primeira aparição em Tóquio. Também em Londres, o time campeão dos saltos era liderado pelo veterano Nick Skelton, com 54 anos na época e recém-recuperado de uma cirurgia no quadril. O hipismo Olímpico está dividido entre três disciplinas: adestramento, saltos e concurso completo de equitação. Enquanto os cavalos já estrelavam nos Jogos da Antiguidade, com as corridas de carruagens, as provas de saltos foram as primeiras a aparecer no programa dos Jogos da Era Moderna, em Paris 1900. O que muitos não sabem é que elas tiveram origem na Inglaterra, no século XVIII, como consequência das “Leis de Cercamentos” – que previam a privatização de terras que eram de uso comum dos camponeses, por meio do cercamento destes locais, o que resultou na transformação da paisagem rural inglesa, antes caracterizada por campos abertos.  Com isso, as atividades de caça esportiva precisaram se adaptar, e os cavalos tiveram de aprender a saltar por cima das cercas e demais obstáculos que encontravam no caminho. No início, a prática era dominada pelos militares, mas com a evolução das armas de guerra, os cavaleiros civis passaram a preencher este espaço, e as mulheres se juntaram aos homens nos Jogos de 1956.  Já o adestramento é considerado a melhor expressão do treinamento de um cavalo e é a base de todas as disciplinas. Também era praticada na Grécia Antiga, quando os cavalos de guerra eram treinados para realizar movimentos perspicazes em harmonia com seu cavaleiro. A disciplina entrou para o programa Olímpico em 1912, embora apenas oficiais pudessem competir. Essa regra foi alterada em 1951 e, no ano seguinte, as mulheres fizeram a sua estreia em Helsinki. O adestramento é muitas vezes chamado de “arte equestre” ou “balé de cavalos” – principalmente por conta da prova “estilo livre com música”. O concurso completo de equitação, que também se juntou aos Jogos em 1912, é a disciplina que mais requer esforços dos seus competidores, combinando adestramento e saltos em um percurso de cross country. Foi desenvolvida originalmente para testar animais da cavalaria e dominada por homens nos primeiros anos. As mulheres entraram em Tóquio 1964, com Helena du Pont competindo pelos Estados Unidos. O hipismo Paralímpico estreou, por sua vez, nos Jogos Atlanta 1996. Atletas competiram nas provas de adestramento, com testes de movimentos programados e estilo livre com música. Existe ainda uma prova por equipes de três ou quatro competidores.Entre as três disciplinas, a nação mais bem sucedida é a Alemanha, com 38 ouros, 20 pratas e 13 bronzes. Suécia é a próxima, com 17 medalhas de ouro, 11 de prata e 13 de bronze. Os Estados Unidos vem logo atrás, com 12 ouros, 22 pratas e 17 bronzes.  Alemanha lidera quadro de medalhas Olímpico. Entre as três disciplinas, a nação mais bem sucedida é a Alemanha, com 38 ouros, 20 pratas e 13 bronzes. Suécia aparece em seguida, com 17 medalhas de ouro, 11 de prata e 13 de bronze. Os Estados Unidos vêm logo atrás, com 12 ouros, 22 pratas e 17 bronzes.  No adestramento, os três maiores medalhistas são alemães: Klimke (sete ouros e dois bronzes), Isabell Werth (cinco ouros e três pratas) e Nicole Uphoff (quatro ouros). O alemão Hans Gunter Winkler tem os melhores resultados nos saltos, com cinco ouros, uma prata e um bronze, enquanto seu compatriota Ludger Beerbaum coleciona quatro ouros e ainda espera chegar à liderança. O canadense Ian Millar foi o medalhista mais velho em Pequim, conquistando a medalha de prata aos 61 anos.  Já Charles Pahud de Mortanges, da Holanda, é o melhor no concurso completo de equitação, com quatro ouros e uma prata. Nos últimos anos, os australianos Andrew Hoy e Matthew Morgan Ryan já conquistaram três medalhas de ouro cada.  A Grã-Bretanha é líder do ranking Paralímpico com 24 ouros, 13 pratas e oito bronzes, à frente dos Estados Unidos e da Alemanha.  A classificação para os Jogos Rio 2016 começa neste ano, com a realização dos Jogos Mundiais Equestres em agosto, na França. Em paralelo, atletas que buscam competir nos Jogos Paralímpicos já estão na luta para obter um índice classificatório desde o início do ano.