Alemanha quer manter favoritismo no hipismo Olímpico durante os Jogos Rio 2016
A lista de especialidades da Alemanha é longa e bem conhecida. O que poucos sabem, no entanto, é que os alemães apresentam um talento especial também nas três disciplinas do hipismo – saltos, adestramento e concurso completo de equitação. Em Jogos Olímpicos, o país lidera com vantagem o somatório dos pódios. Mesmo a Suécia, sua maior rival, é detentora apenas de metade das medalhas de ouro alemãs.
Os 38 ouros da Alemanha nos Jogos se dividem entre o adestramento (19), saltos (12) e concurso completo de equitação (7). Apenas nesta última disciplina, o país ainda tem uma posição a avançar para alcançar os Estados Unidos, que ocupa o topo do pódio, com sete ouros e 13 pratas. Nos saltos, a França, com seis ouros, é quem fica com a vice-liderança em favor da Alemanha, enquanto a Suécia está 12 ouros atrás dos alemães no adestramento. Não é surpresa, portanto, que os maiores medalhistas Olímpicos do hipismo sejam alemães. Reiner Klimke é dono de seis medalhas de ouro e duas de bronze, enquanto Isabell Werth coleciona quatro ouros nas disputas por equipe. Sönke Lauterbach, secretário-geral da Federação de Hipismo da Alemanha (FN), revela que organização e disciplina são o segredo do sucesso de seus conterrâneos no esporte.
“Implementar padrões altos de educação e cultivá-los por muitos anos é crucial. Isto permaneceu inalterado desde a metade do século passado e nos esforçamos para continuar assim”, explica. A atenção equilibrada com foco em ambos os competidores - homens e cavalos - é muito reconhecida. A federação alemã é uma das poucas organizações no mundo que concentra todas as suas operações em um só lugar e sob uma só administração. “Não existe uma estrutura especial para separar as diferentes disciplinas e eu considero isso crucial para o desenvolvimento do esporte. Ter a criação e o desenvolvimento esportivo dos cavalos em um só lugar contribui com colaboração e decisões mais rápidas”, conta. Tamanha eficiência não é exclusiva do esporte de elite. Os programas de desenvolvimento são claros e simples para todos. “Poderíamos dizer que os nossos cavaleiros acabam crescendo junto com o esporte. Eles começam em competições com pôneis (até os 16 anos), então passam para os campeonatos juniores (até 18 anos) e para jovens atletas (entre 18 e 21 anos). Os melhores recebem então suporte para avançarem para as competições internacionais. Cada grupo etário conta com um técnico nacional dedicado”, explica. Na organização da FN, existe pouco espaço para disputas internas, cujo impacto não se dá apenas nos resultados da Alemanha nos Jogos, mas também na expansão do esporte no país. O domínio alemão no adestramento já é bem estabelecido, e agora os alemães começam a avançar também nas disputas de saltos. No Rio 2016, Ludger Beerbaum vai tentar bater a marca do compatriota Hans Gunter Winkler, que já conta com cinco medalhas de ouro no currículo. O ciclo de sucesso dos alemães, que perdura por cerca de sete décadas, tem o apoio expressivo da população mais jovem. Atualmente, mais de 1,2 milhão de alemães com 14 anos ou mais participa de atividades equestres. Outro milhão de pessoas tem interesse em experimentar o esporte e mais de 11 milhões afirmam ter interesse em cavalos. Tradicional ou não, se manter no topo é um desafio cada vez maior. Outras nações começam a repetir a formula de sucesso alemã.
“Os competidores de saltos se desenvolveram brilhantemente na Ásia e particularmente nos países árabes. O mercado internacional de cavalos e o trabalho de muitos treinadores europeus também avançaram significativamente”, diz Sönke.
Os rivais da Alemanha no hipismo também avançam na corrida pelo topo do pódio. Em maio deste ano, a Grã Bretanha assumiu a liderança no ranking mundial nas três disciplinas pela primeira vez. Nos Saltos, França e Brasil são fortes candidatos, enquanto Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos se mostram como as maiores ameaças no concurso completo de equitação. No adestramento, existe uma disputa em andamento pela liderança entre Grã Bretanha, Holanda e a própria Alemanha.
Essa competição foi evidente nos Jogos Londres 2012, com 18 medalhas compartilhadas entre os três países. Alemanha ficou com dois ouros, uma prata e um bronze – uma boa coleção, ainda que menor do que outros resultados históricos.
Sönke é rápido ao apontar que mais da metade da sua equipe em Londres estava nos Jogos pela primeira vez. Um plano de ataque com duração de quatro anos para “continuar a ser uma das nações equestres de maior sucesso” já está em curso. Considerando os resultados desde 1950, será preciso muita coragem para apostar contra os alemães em 2016.

Rio 2016